quinta-feira, 21 de julho de 2016

Pokemónes


É pá...
Já tudo foi dito nas redes sociais sobre o fenómeno de entretenimento de ponta a que as massas se agarraram como zombies tão ou mais virtuais que os próprios bichos...
Eu, não querendo ser a velha do Restelo, lamento que as potencialidades de uma inovação tecnológica tão fascinante como a realidade aumentada, se tenham ficado pelo jogo e a alienação...

Não sei, mas isto sou eu que, inconscientemente tenho esperança que o ser humano arranje maneira de resolver o mundo e que tenho fé na ciência para ajudar a trilhar esse percurso.
Pelos vistos, não é para já.
Para já, para já, é andar assim de nariz enfiado no telemóvel, pescoço torcido e olhos esbugalhados.

Os advogados do diabo vêm com argumentos manhosos:

Ah e tal sempre fazem exercício físico, põe os miúdos a andar...
contra os postes e assim!
(quem tem mota aldraba o sistema e mesmo que o jogo peça dois quilómetros não dá nem um passo!!!! )

Socializam , desinibem-se...
como assim? vamos para o teu quarto...apanhar pokemónes!

Porque desenvolvem o sentido de orientação e desenrascam-se...
diz que já há pedófilos a fazer o mesmo, mais e melhor. A aplicação ajuda-os a desenvolver o sentido de orientação e a desenrascar-se.

Estimula a motricidade e a prossecução de objectivos, competências úteis à vida "real"...
quê? quantos problemas da vida "real" terão solução à raquetada no ar a bonequinhos invisíveis?


Os pokemónes são os gambozinos da modernidade.
 A essência era a mesma. Um gajo ia à procura de algo que algo que nunca ninguém tinha visto, mas todos sabiam que existia e todos queriam ter um.
 Só que sem ecrã...e também não consta que se ficasse viciado na caça aos gambozinos. Nem que grandes empresas estivessem dispostas a pagar exorbitâncias para esconder um gambozino nos seus estabelecimentos, a fim de atrair clientela....Enfim, gambozinos era coisa de putos. Picachús e afins já metem os adultos ao barulho.

No nosso tempo (nenhuma frase devia valer nada quando começa assim...) a gente caçava conchinhas na areia, grilos, gambozinos, gelados de gelo e episódios do Verão Azul ou do Justiceiro.  
"Kitxi vem mi buscÁ" , (fantástica dobragem em português do brasil) no mítico Pontiac de luzinhas vermelhas, era o expoente máximo da inovação tecnológica e da ficção científica. O bólide, que andava sozinho e falava, incorporava a nossa noção de futuro e de progresso.  É verdade que já há carros que quase conduzem por nós e que falam connosco. Mas para nos divertirmos andamos à la pata, vidradinhos em gadjets, à cabeçada uns aos outros em busca de algo "virtual"....

É pá...
Sejam felizes. Para mim, não.
Para mim realidade virtual e realidade aumentada são experiências que encontro dentro dos livros. Mas isso dava todo um outro post.

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