quarta-feira, 13 de julho de 2016

Ode à poupança

Quem, como eu, lambe as tampas do iogurte levante a mão!

Poupadinhos deste país, uni-vos!

Vamos até Belém Bruxelas mostrar como se espalma o tubo da pasta de dentes até à exaustão, como se espreme a laranja até à casca, como se rapa tachos, como se leva marmita para o trabalho, como se partilha carros para não gastar gasolina, nem pneus,  .... e como, enfim, nos dói aquela gota do iogurte líquido que teima em não escorrer até à nossa garganta, por muito que inclinemos os pescoços para trás!

Os portugueses têm a fama injusta de ser oportunistas e aproveitar tudo o que é de borla. Não somos oportunistas, somos poupadinhos! E ainda assim déficit, dívida externa, sanções... um gajo não entende!

Nós tínhamos o ícone do esmifranço. Salazar. Desafio-vos a nomear o objecto da imagem aqui de cima. Sim, Salazar, mas como se chama no resto do mundo? Não deve haver nação nenhuma que tenha dado o nome de um líder político a um instrumento de cozinha do rapanço. Por que o fizemos nós? Porque somos poupadinhos. O que também faz de nós uns ases no cravanço. Mas dessa arte já as lideranças políticas se apoderaram.
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"Chora que a mãe dá!", apregoava o feirante na barraca de S.João. Assim mesmo. Choradinho rende mais, lá dizia o meu pai. Será que ainda nos vale o pregão na Comunidade Europeia?

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 Cá em casa, por tudo isto e muito mais, somos fãs de "Redon", os aproveitamentos dos restos de comida, que resultam em verdadeiros manjares de rei.
Certo dia o Pedro fez sucesso no pré-escolar, porque comentou na rodinha (espaço de partilha oral de experiências ) que o pai tinha cozinhado "Nhanha de tubarão". De facto. Comprou uma big posta de tubarão em promoção. Comeu-se e, naturalmente, sobrou. "Nhanha" é o indizível delicioso de dar a volta a restos com azeite, alho e mais legumes. Sempre uma iguaria de sabores e nutrição única! Porque uma "nhanha" nunca se repete. É feita com o que há na dispensa ou no frigorífico. E é tão bom!
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Viva a poupança! O uso racional dos recursos! O Bom-senso! A exploração ao limite das bençãos de que dispomos! Abaixo o sovinismo!
Para mim, poupar significa potenciar partilhas futuras. Poder ter mais para distribuir. Faz sentido?

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