domingo, 29 de novembro de 2020

Procurar a agulha no palheiro em chamas

 
Vou começar este texto ao contrário.

Pela moral da história:
Usem a m**** da máscara, 
desinfetem as mãos 
e fiquem em casa o mais possível!

Tá difícil de entender? 

Enquanto muitos de nós acham que isto é uma gripezinha

Enquanto muitos de nós lamentam ter que deixar a esplanada à uma da tarde

Enquanto a canalhinha vai almoçar em bando
sem máscara
ao shopping

Enquanto os pais 
nas horas em "que se pode"
vão em hordas aos supermercados com os menores atrás 

Enquanto os negacionistas se manifestam 
fazendo corar as nossas antepassadas que queimaram soutiens
porque a liberdade que elas exigiam rimava com respeito

Enquanto isso...
Os nossos velhos
morrem sozinhos nos hospitais

Os nossos enfermeiros e médicos rodam turnos 
e coragens e forças e horas sem dormir
para nos salvar

Os nossos psicólogos, nutricionistas,
assistentes sociais, todos os técnicos afetos à clínica
foram recrutados para inquéritos epidemiológicos à Covid

o que quer dizer que
deixaram os fundamentais serviços de saúde que prestavam
para estar ao telefone a seguir o rastro a centenas de cadeias de contágio
em teias indeslindáveis de infeção.

Como assim?
Assim:
O Zé, que é bom rapaz, tem 20 anos, é trabalhador estudante, está positivo.

Há que rastrear:

a sua família
os colegas de fábrica
e os 3 a quem generosamente dá boleia para a universidade. Sem máscara!
Todos são jovens e giraços, por isso, têm namorada!
Cada uma das quais vive com pais e irmãos!
Que têm namorada!
Um deles joga futebol.
Partilha bola e balneário com mais 13.
Quase todos estes jogadores têm namorada e mãe e pai e irmãos.
Quatro visitaram as avós idosas no lar...
Cinco fizeram uma festa de aniversário restrita no passado sábado...
Dois juntaram-se na casa de um outro para beber umas bjecas e ver a bola...

Não...
tem...
fim...

São agulhas
em palheiros
a arder...







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