É tácito que quando um narrador começa um texto por
"eu tenho uma amiga que..."
todas a gente assume que aquilo foi uma experiência pessoal
que a pessoa não quer assumir!
Lamento desiludir-vos, mas não sou mesmo a protagonista desta história!
Tenho mesmo uma amiga que.
Preâmbulo:
Isto já vai looooongo!!!
As crianças são exploradoras por natureza.
Tantos dias de quarentena volvidos, já não há muito mais a explorar nos 90m2 urbanos de duas assoalhadas. Na cozinha a mãe não deixa. No quarto dela ela não está... Ora, bora lá!
Eu tenho uma amiga que
está em teletrabalho
e, no outro dia, estava em reunião.
A filhota, seis anos,
exploradora, comunicativa
(criança!)
Posso brincar no teu quarto?
Ela sussurra para fora da câmara
para a despachar
"sim, sim, vai lá brincar, vai"
A miúda vai e volta à sala.
Posso brincar com a caixa roxa?
Ela, sem a ouvir,
"tá bem, tá bem"
A miúda vai e volta.
Traz algo com plumas
que a mãe vê sem notar
na visão periférica.
A miúda vai e volta.
algo rosa, agora,
que a mãe vê sem notar
na visão periférica
algemas?
A miúda vai.
A mãe,finalmente,
vê, notando
toma consciência
atrapalha-se
já não muito a tempo.
A miúda volta.
Mãe que brinquedo é este?
"A mãe não quer que tu mexas nas coisas dela."
Rubor.
Reunião em stand by no ecrã.
Mas tu disseste
que eu podia brincar
com a caixa roxa!
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