De contínuos a funcionários, passaram por nomes mais pomposos como auxiliares educativos; agora têm uma designação mais técnica- são assistentes operacionais, seja lá isso o que for.
De qualquer forma desempenham funções fundamentais nas escolas. São recursos escassos, claramente insuficientes, e precários.
Adivinha-se uma greve, dia de 3 de Fevereiro, justa, a meu ver, mas talvez não tão eficaz quanto seria desejável. Receio que a maioria não possa dar-se ao luxo de um dia de greve, dadas as remunerações exíguas e, por conseguinte, talvez não haja a adesão necessária para se conseguir o real impacto dessa greve. Se parassem em massa, a sociedade parava. Asseguram que a escola funcione enquanto os encarregados de educação trabalham.
Se os encarregados de educação sonhassem o que se passa nas escolas certamente haveria muita instituição fechada a cadeado e muita manif na rua. Penso que, na generalidade, deixam lá ficar os filhos de manhã, voltam ao fim do dia, e reclamam, se assim entenderem.
Terão noção de como é difícil manter uma escola limpa, segura e funcional?
Fechar portas para que nada seja roubado nos intervalos;
vigiar que os meninos não se matem no recreio, onde a euforia de estar "à solta" os põe, potencialmente, mais em risco;
impedir que atirem o lanche ao lixo com a pressa de ir brincar;
evitar que se engalfinhem quando perdem o jogo;
curar os arranhões das brincadeiras;
enxugar lágrimas de dor, mimo, saudades ou arrelias;
aparar birras;
detectar olhos brilhantes e testas quentes de febre;
lidar com todos os tímidos, os agressivos e os agredidos, os autistas, os hiperactivos, os malandros e os mal educados... todos ao mesmo tempo (e sem formação específica para o efeito);
lidar com todos os tímidos, os agressivos e os agredidos, os autistas, os hiperactivos, os malandros e os mal educados... todos ao mesmo tempo (e sem formação específica para o efeito);
assegurar que as casas de banho não se tornam fossas logo no primeiro intervalo;
garantir que ingiram alguma coisa na hora do almoço, pelo menos a sopa, e que a cantina não se torne um campo de batalha com alimentos a voar de mesa em mesa...
enfim, a empreitada é hercúlea!
enfim, a empreitada é hercúlea!
E isso tudo em rácios absurdos, nem sempre respeitados, carradas de crianças para poucos adultos. Ninguém reclama, ninguém reivindica, mas se algo de errado acontece serão os poucos em funções que terão de responder...
O ministério anunciou a colocação de uma mão cheinha de assistentes operacionais, migalhinhas para tapar o sol com a peneira, podia eu falar tanto acerca disso...Quando despejam para a escola os enjeitados sociais, vindos do fundo de desemprego, pessoas sem o mínimo perfil para trabalhar com crianças, enfim, repito: não sei como os pais mandam vir com tanta coisa e deixam passar outra tanta!
Ainda por cima não é um processo célere. Os próprios directores das escolas se queixam de um "calvário concursal"... Mesmo após o aval ministerial, há uma série de procedimentos que levam vários (demasiados) dias úteis até que alguém aterre na escola para cuidar dos nossos manelitos e margaridas.
E enquanto não, passo por uma encarregada de educação a tirar satisfações com uma "assistente operacional", a reclamar por ter obrigado o menino a comer a sopa...
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