sexta-feira, 26 de abril de 2019

Tótó, mas com muito estilo!

O João tem um babette, mãe!

Bavaglini Bambino Gucci BlueTem, filha?

Sim, na hora do recreio, a avó vai lá sempre dar-lhe o lanche!

Como assim?

Olha, entra, põe-lhe a babette, dá-lhe à boca o iogurtinho, limpa-lhe assim (a fazer o gesto de dobrar o babette em cima dos lábios) e depois dá-lhe beijinhos repenicados e vai-se embora...

E o João é pequenino? É do primeiro ano?

Não, mãe! É da minha turma! 
(3ºano)

E os outros meninos não gozam com ele?

Não, nem gozamos muito, mas sabes o que é que tem mesmo piada?

O quê?

É que o babette é da Gucci!



segunda-feira, 22 de abril de 2019

Twenty-five-#parecekfoiontem!

A imagem pode conter: céu e ar livreEverywhere we go
People want to know
Who we are
Where we come from








Ao que parece, já lá vão 25 anos desde que frequentámos a UM e a nossa querida Raquel lembrou-se de usar a rede para nos pôr, de novo, em contacto uns com os outros. Bem haja!

A ideia é extraordinária e,
claro,
também tem o seu quê de assustador...

pois que a gente vai ver reflectido uns nos outros 
o peso de um quarto de século 
a calcorrear o país,
a aturar canalha,
a formar pessoas,
a ser txitxas e txitxos,
ou setores de português
( LE em ambos os casos).

pois que a gente vai
descobrir nas rugas uns dos outros
as voltas que a vida já nos deu
com ou sem filhos
com amores, desamores
lutos, perdas e conquistas.

É que a gente já tá crescidote, né?
E pode ser um pouquinho assustador termos de nos confrontar, assim de repente, com o que a vida nos acrescentou ou subtraiu. 

Mas, vamos lá fazer a ponte, softly,
com recordações que nos aproximem pelo riso!

Escolho duas.

Primeira semana de aulas. 
Eu e uma amiga, às aranhas para nos desenvencilharmos no campus, acabámos por chegar atrasadas, mas lá damos com a sala. Tentámos entrar discretamente, numa aula que, afinal, já estava a decorrer.  Atrapalhaditas e a tentar sentar quando o professor nos aborda:
"Entrem, estejam à vontade!Quais são as vossas habilitações matemáticas, mesmo?"
(We should have known better!!!!)
Estranhei a pergunta, mas a boa educação e o civismo levaram-me a balbuciar "no-no-a-no...?"
Gargalhada geral e nós com uma vergonha gigante, finalmente superior à percepção de que não era ali que deveríamos estar!


O professor de Fonética, salvo erro Barroso (de apelido e proveniência) muito se irritava com o funesto hábito tabágico do Américo Lindeza, o da literatura.
Então, barafustava para nós testemunhas e, por vezes, deixava-lhe recados no quadro.
Se a memória não me falha, certa vez foi algo do género: é favor deixar o quadro e a secretária limpos.Daí em diante, o outro, de sorriso farfalhudo por trás da barba marxista, deixava-lhe as beatas alinhadinhas na mesa e mastigava, com gozo: "Assim, como ele gosta!"




quarta-feira, 10 de abril de 2019

Seja pelas almas!

Resultado de imagem para catholic school mass, clipart     A minha ideia é rabiscar aqui umas linhas sobre a tradição de celebrar a Missa Pascal na Escola, não-assunto que, pelos vistos, foi notícia no Público e no Jornal de Notícias. A Confap não obsta, o ME não impõe; parece que há apenas uma dita Associação República e Laicidade, que vê nisso uma "tentativa de instrumentalização da escola pública".
     Discordo, o senhor me perdoe!!!!

    Não vejo nenhum tipo de obstáculo, assim a maioria da comunidade o sinta como essencial e proveitoso, no respeito pelos princípios democráticos da tolerante convivência entre crenças, cultos e outras divergências sociológicas mais ou menos pluralizantes que a escola alberga.

      Portanto, é isso. Se aquilo funcionar naquela instituição e, como na realidade acontece, se cada um for livre de assistir, de participar ou de se ausentar, pois, por que não?

      Soa-me a tão intolerante tentar banir superior e estatalmente as missas, como o era a sua imposição na "escola do antigamente".

      Até porque,
cá entre nós,
 eu tenho lá meia duzinha de alminhas a quem bem colhiam as missinhas!
(colegas, bem entendido, que da saúde espiritual dos catraios tratam os pais em casa, certo?)

      Até lhe podíamos ver benefícios meramente pedagógicos - o foco, o reforço da atenção, a concentração.
      Eu, por exemplo, sempre amansei a minha hiperactividade com celebrações compridas, vias sacras e papaguear de terços. Nunca fiquei traumatizada, fui orando pelo mundo e conheço de cor a arte sacra do barroco bracarense, de tanto mirar tectos, estatuária e altares, por horas, ao detalhe!
   
     A coisa está de tal maneira que, se se lembrarem de levar meditação tântrica ou ioga milenar à escola, toda a gente acha muito moderno e civilizado. Se for um qualquer outro tipo de ritual, ai que não pode, que há-de Jesus Cristo descer à Terra! Olha, até vinha mesmo a calhar! Ó menos acabavam-se as dúvidas, redimiamo-nos todos e salvava-se o mundo de vez!

       O Senhor me perdoe!, cruz credo! mas a mim já me mordisca os nervinhos quando as intolerâncias Jeovánicas metem bedelho na minha aula para tentar impedir que a criança celebre o dia de São Valentim ou o Carnaval ou o raio que os parta, com a esfarrapada alegação que atenta contra as suas convicções religiosas.
        Ora, eu represento uma escola, pública e laica. É meu dever incorporar tudo e promover o respeito por tudo.
       E, para além do mais, eu ensino uma língua estrangeira. Por essa razão, o currículo que me compete abordar inclui vocabulário sobre estas datas e inclui conteúdos de carácter cultural. Aliás, essa é uma das vantagens de aprender uma língua estrangeira - desenvolver o relativismo cultural, percepcionar o mundo de formas diferentes, conhecer outras culturas e dinâmicas sociais. Assim, quando eu me debruço sobre o Saint Valentine's Day, eu tenho um objectivo linguístico ( que adquiram esta e aquela e mais aquela PALAVRA) e também cultural: que saibam que esse dia se celebra no país tal pela razão y ou x.
         Quem diz cultural, diz religioso. Por amor da Santa!

         Eu já fui com alunos à Mesquita Islâmica de Lisboa, vimos, escutamos e responderam às nossas perguntas. Que eu saiba, ninguém se converteu! E ter estado num local tão diverso do regaço monocultural em que os meus alunos viviam foi um banho de cultura e respeito pelo próximo.

        Se eu trabalho numa escola com uma grande comunidade cigana, gosto de vê-los dançar, aprecio e aplaudo no fim. Nem por isso viro nómada!

       Uma vez, um amigo nosso teve curiosidade de ir à missa com a minha família. Rimo-nos muito com ele a imitar-nos, a enrolar-se todo entre braços e dedos para tentar fazer o sinal da cruz, e muito pasmo de nos ver ladainhar aquelas respostas todas em coro.
       Foi divertido! Não caiu nenhum santo do altar! E não consta que tenha virado padre ou que lhe tenha crescido um crucifixo na testa por essa hora que ali esteve connosco.

       Por tudo isto, e num tempo tão sedento de tolerâncias várias, e particularmente religiosas, deixem lá as escolinhas do norte (sim, porque cita a fonte que a gente cá por cima é mais misseira!!!) rezar e orar e pregar. Ide em paz e que o Senhor vos acompanhe!
    O mundo não está parco de fundamentalismos; seja, ao menos, o nosso país de "brandos costumes" mais mansinho e tolerante. Amén!

PS No barulho das luzes, distrair as massas com polémicas pouco polémicas, para que não se escutem nem vejam os verdadeiros problemas da Escola. Mas isso é todo um outro texto.