Isto de a gente ser professor saltimbanco, com o carro atulhado de cartazes e flashcards, a percorrer as EB1 dos agrupamentos tem que se lhe diga.
Por um lado, nunca se fica completamente imbuído da cultura de cada espaço - o que é, a um tempo, uma limitação e uma vantagem.
Eu explico: não nos inteiramos tanto da vida dos miúdos, das rotinas e peculiaridades de cada escolinha, para sermos capazes de intervir melhor, mas também nunca chegamos a captar, podemos passar ao lado dos podres de cada instituição, you know, atritos, problemas e mexeriquices que não fazem falta a ninguém.
Por outro lado, também não somos propriamente tidos e achados nas decisões, o que, confesso, nesta fase da carreira é até um alívio. A gente chega, dá a aulinha e vai embora.
Perde-se a sala de professores, porque a maior parte dos intervalos são para as transições de escola. Enfim, é-se, de certa forma, mais solitário.
E depois há as festas! As actividades extra-curriculares, em que somos convidados a participar, umas vezes por conveniência de serviço, outras porque efectivamente farão gosto na nossa presença.
Moral da história: desde a semana do S.Martinho que ando em magustos consecutivos, já não sei precisar, mas penso que fui, pelo menos, a cinco. Adoro castanhas! Acho piada aos miúdos a enfarruscarem-se e a andarem por ali aos pinotes, no seu estado de graça. No seu habitat natural, que é (deveria ser) a correr pelo recreio, a sujarem-se na areia, a apanharem folhas secas caídas pelo chão, a empurrarem baloiços, a descerem em escorregas and so on. Sério que gosto de vê-los, livres como andorinhas "tixer", tixer quer castanhas?" Cartuchinhos nas mãos, aprumados, que eles próprios decoraram ou onde inscreveram quadras alusivas. Felizes, os miúdos.
Como dizia, adoro castanhas. Todavia, ninguém aguenta. Gerou-se um problema. Tenho o estômago como um balão e todos sabemos que a solução para esse problema não é compatível com uma sala de aula...
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