quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Norcaça, Norpesca, Norcastanha

   
     Começo por dizer que considero o nome do certame muito mal conseguido. Ou por outra, a ideia de juntar três feiras numa só resulta mal, a meu ver. Por muito que as áreas se complementem e patatipatatá, o título é demasiado extenso e por isso pouco apelativo. Eu nunca iria a tal coisa, mas hoje teve de ser - fui em serviço. Acompanhar os meninos do primeiro ciclo.
      A saga começa aí. Eu ainda não me mentalizei das reais incumbências de tal cargo e, por isso, apanho-me despercebida na hora real e prática de lidar com as coisas. Eu explico. Tinham-me dito que iria acompanhar uma turma após o almoço. Ora, na minha cabeça, a gente entrava na sala de aula às duas, escrevia o sumário, corrigia os trabalhos de casa e depois dirigia-se ao exterior para apanhar o autocarro para a tal deslocação, certo?
      Errado. Isso aconteceria com alunos mais crescidinhos. Entra a professora titular para me ajudar a "prepará-los" para sair e pergunta o óbvio, que a mim me tinha passado a anos luz. "Os meninos e as meninas não precisam de ir à casa de banho antes de sair?" Um melódico e quase unânime siiiiiimmm e romaria até aos lavabos.
      Ponto dois: toca a distribuir as pulseirinhas de entrada no certame, inclusive ajudá-los a descolar a parte autocolante e envolver a fitinha amarela no pulso. Monitorizar os diabetes de uma, lembrar as garrafas de água aos outros e pronto, meia hora passada e hora de abalar. Daahhh para as tuas expectativas aluncinantes de produtividade, teacher! É que, se efectivamente não tivesse sido fundamental fazer tudo isto, haveria ainda que domar a excitação deles, que impediria qualquer rotina normal de sala de aula. Aprende, Marta!
      Depois, a saída... É pá! Serei só eu que vejo o perigo em todo o lado ou é efectivamente uma enorme responsabilidade acompanhar crianças para o exterior? Não é por nada, mas era uma feira em que havia...
... exposição de armas, munições, palaçoulos (nada mais nada menos que facas de vários tamanhos e feitios), canas, caninhas e anzóis, máquinas agrícolas de apanha de castanha....uff! A mim só me ocorria que não fosse um deles magoar-se num daqueles objectos e aparecermos no dia seguinte nos telejornais pelos piores motivos...
      Enfim, depois de rapinarem tudo o que eram panfletos informativos de tudo o que era banca,
("ó lilizinha, para que queres tu tanta papelada, linda! É  só lixo!" ; "Não, não tixér, é informação!" )
 depois de delirarem com a pesca num tanque gigante, tipo aquário-parede onde se acedia através de uma escada, à volta da qual se engalfinhavam para serem escolhidos para a pescaria...
      As aves de rapina fizeram a alegria da criançada e conseguiram sair ilesas da nossa visita.  (sim, ilesas, elas, as aves) Quero dizer, a certa altura temi pela penugem da coruja e jurava que o abutre mirava os nossos alunos com o maior ar de clemência que alguma das suas presas alguma vez lhe deitou.
      Enfim, sobrevivemos à experiência. Todos. A mais depenada, talvez eu, desejosa de meter a ninhada, de novo, sã e salva no ninho seguro da sala de aula.

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