segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Suspiros!

 Como é que a gente aguenta dias em que:

1) Nos recebem literalmente em braços, quando mais precisamos, o raio dos garotos, parece que adivinham... um gajo a chegar, de trombas, com vontade de os pôr em off, de lhes desligar as fichas ou pelo menos de reduzir o volume (se houvesse comandos!), de trombas, sem vontade, há dias assim...
E uma, num abraço, a ronronar como uma gatinha (ooooooohhhhh!) e eu, ainda pouco confortável com estes avanços de intimidade, "Que foi?" e ela a sussurrar algo à altura do meu umbigo. Com  a algazarra que entretanto se gerou não consigo ouvi-la. No entanto, continua a apertar-me com força, por cima do kispo, por cima da mochila a tiracolo, por cima das fotocópias que trago na mão...
"Que disseste?" (baixo-me para escutar)
E ela, baixinho, um miado, mel derretido: "Adoooooro-te!"


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2) Se sentam todos no chão, a teu pedido, para escutar uma história. E nem isso é pacífico:
"Perninhas à Chinês!" (meu Deus, há quantos anos eu não dizia isto, eu nem sabia que ainda sabia dizer isto!) ou então "abracem os joelhos de encontro ao peito, se preferirem".
(lembro-me que não é bom que se sentem na posição de W, uma perna para cada lado, forçando as articulações dos joelhos, corrijo alguns e penso, Céus, como é que estas coisas me ocorrem? Há catorze anos que trabalho com pernas compridas, sentadas em cadeiras...)
Tudo pronto, vou lendo. Gosto de ler. Gostam de ouvir. É uma história engraçada, das que prefiro. "Father Christmas needs a wee!", qualquer coisa como O Pai Natal precisa de ir fazer xixi. Ao longo das páginas, fabulosamente ilustradas (como todas as que escolho) vamos percebendo a razão pela qual está tão aflito- é que, em cada casa onde entra lhe oferecem bebidas. Cada vez mais bebidas. (É um counting book de 1 a 10)
Subitamente, numa pausa, ao virar de página, irrompe do silêncio, que, por azar se conjugou naquele instante, um enorme "puzete" incontornavelmente audível e embaraçoso!
Risota geral. À excepção da minha vítima, que não sabe onde se há-de meter e leva as mãos à boca com a vergonha! ("joelhos ao peito", Marta? Tu nem as pensas!!!)
Remato atabalhoadamente com um "não há ninguém nesta sala que nunca, portanto, prossigamos!"

Como é que a gente aguenta dias-carrosel-de-emoções, catraios que, numa mesma aula, nos levam às lágrimas, à gargalhada e aos nervos em franja?


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