quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Brilho nos olhos

   
Resultado de imagem para sad eyes kid Nas escolas já se transpira natal, há muito. Parece-me que nas escolinhas primárias, como gosto de lhes chamar, se vive muito mais intensamente do que nas secundárias por onde tenho vivido nos últimos anos. Claro! Na infância é que o Natal é mágico!
      As paredes estão carregadas de desenhos, pinturas e postais decorados pelos alunos! Nos tectos há estrelas de papel penduradas. Em cada canto há pinheirinhos dos mais diversos materiais ... e presépios! Lindos! Com musgo e tudo! Muitas mensagens de fraternidade e nascimento; purpurinas; fitas, bolas, sininhos, homens de neve, pais natais e renas.
      As escolas estão completamente artilhadas de natal até ao telhado. Porém, onde verdadeiramente sinto o espírito a vibrar é nas ansiedades dos miúdos - pulguinhas saltitantes na expectativa de férias, rabanadas, famílias e presentes. Sente-se a euforia como um rastilho contagiante...

Também aqui as energias que sinto vibrar são muito diferentes de criança para criança.        Expectativa, em todos.
Brilho nos olhos também, mas por razões muito diferentes.

E hoje essa penosa diferença detonou-me.
Como dizer-vos que hoje pesou tanto em mim o brilho de alguns olhos... vim para casa a sentir-me pesada, pesada, como se tivesse sido atropelada por um camião, arrastada nos rodopios de um furacão ou obrigada a cargas pesadas montanha acima.
Olho para eles, conheço-lhes as histórias e doem-me.
Porque, para alguns, Natal significa 

 a esperança de ser buscado numa instituição; 
a esperança que o juiz autorize a saída; 
a esperança de uma precária para o pai; 
a esperança de que a mãe apareça na instituição após dois anos de ausência...
a incerteza de poder ir a casa;
a incerteza de ser desejado em casa;
o medo da certeza de não ser mesmo desejado em casa, nem que o juiz assim determine...

não. tem. fim.
Esta dor. Este pesar.
Este sorriso triste com que alguns meninos me desejam Bom Natal.
O brilho nos olhos que não se ilumina com papéis de embrulho ou fitas prateadas e laçarotes vermelhos.
Falam pouco em presentes e muito nos ausentes.


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