quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

Biblio vivências 3

O Livro das Oito Histórias Vol 2Se um desconhecido lhe oferecer flores...
isso é Impulse!

Como ditava o mítico anúncio ao desodorizante, nos anos 80.

Mas e se for UM LIVRO?

Digo-vos, 
é indubitavelmente surpreendente 
e até algo embaraçoso receber um livro de um desconhecido.
A mim, 
claro,
como a minha vida dava um filme, 
já me aconteceu!

Quando cá chegámos, no ano passado, claro que inscrevemos o Pedro no futebol e a Maria ainda deambulou por umas experiências, mas rapidamente quis voltar a nadar, pelo que começou a frequentar a natação.

Quer nas bancadas do estádio, 
quer no hall de entrada das piscinas municipais, 
quer nos bares de ambos espaços, 
passei 
(e passo) 
largas horas de espera... a ler. 

Leio romances inteiros durante os treinos deles, mais do que em Bragança, onde já conhecia as outras mães e sempre dava duas de treta. 

Aqui, 
como sou forasteira, 
largo-os à hora do treino e leio até após os duches!A dois treinos por semana cada um, eram dezasseis horas por mês a ler. 
(Este ano mais, porque o Pedro treina à segunda, quarta e sexta!)

De maneiras que, certo dia, uma senhora que por ali esperava também numa cadeira, no hall de entrada da piscina, e com quem nunca tinha trocado mais que um educado boa tarde semanal, estendeu-me um embrulho, dirigiu-me a palavra e disse: 

"É para si! Sei que vai gostar! Gosta tanto de ler!"

Eu fiquei tão sem jeito, tão envergonhada, que me faltavam as palavras, os gestos - agradecer, dar um beijinho? - foi o que acabei por fazer, meia atrapalhada.

"Para mim? Mas... porquê? Não precisava!!!!!"

"Porque eu quero, porque sei que a vai fazer feliz!"

Eu, ainda embaraçada, com aquilo na mão, que não, que não, que não havia necessidade.

"Abra! Vai lê-lo à menina, de certeza que vão passar bons momentos juntas!"

Desconcertante! 
Abri e era um livro infantil.
Ao fazer que folheava (que eu nem estava a ver nada à minha frente), caiu-me de lá uma oração.

"Penso que isto lhe pertence, vinha no meio!"

E ela, com um ar cândido e plácido:

"Para si, minha querida, tudo o que aí vai lhe está destinado e há-de ser-lhe útil!"

Agora, ao escrever,
apetecia-me gozar com a situação...
dizer que tive medo desta evangelização subtil
ou deste engate descarado (??!!!)
ou que duvidei da sanidade mental da senhora
- não, não era idosa: quarentona, loira, olho claro, sorriso grande!
(Pelo sim, pelo não - vá de retro vudu . nunca mais abri o cartapácio!!!)

Mas, não!
Vamos ficar com o romantismo desta nota positiva, que reforçou a minha crença na humanidade:
Que uma desconhecida me ofereceu um livro por me ver ler e para me fazer feliz!

O mundo é ou não é uma caixinha de surpresas?





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