A gente também tem culpa.
Não interessa que exista um Regulamento Interno,
nem um Estatuto do Aluno.
A gente - professores, directores de turma - continua a aceitar justificações de faltas evasivas e anedóticas. "Esteve doente"; "Dormiu mal"; "Os astros não se conjugaram para a criança fazer a sua aparição cósmica no planeta escola!"
Ainda hoje vi uma que rezava assim:
Data:22/ 01/2019
Motivo: Familiar
O "familiar" salta-me à vista e ocorrem-me milhões de situações que cabem neste epíteto.
Familiar, como?
A pulga do cão perdeu-se e o clã andou todo à procura dela pelos quatro cantos da casa?
A avó partiu a prótese da anca?
O mano fez birra para vestir a camisola do Sponge Bob?
A mãe partiu uma unha?
O pai estava de ressaca e não se levantou?
E quão alargada é essa família?
O primo da França também conta?
As oito ex-mulheres do tio octogenário também estão na linha considerável para a justificação?
O céu é o limite!
Às vezes, na tentativa de serem mais minuciosas, as respostas são um tanto nada prosaicas.
"Teve diarreia"...
"Teve prisão de ventre!"...
e quê? Neste caso ficaram em casa para lhe dar uma forcinha?
Enfim, laisser faire, laisser passez.
É que a LEI, para nós, aplica-se. E se o menino tiver faltas injustificadas, a gente mete-se numa carga de trabalhos em papéis, burocracias e "recuperações", que mais vale aceitar os motivos familiares. Afinal, os vínculos familiares, está provado, são um aspecto fundamental do sucesso escolar!
Salvo quando a falta de assiduidade é, de facto, continuada ou recorrente, nada disto é pecado capital. Graceja-se e passa-se a bola.
Por vezes, no entanto, esticam a corda. Como faltar no dia do teste, previamente marcado.
"Fomos de férias"...
aaaahhh? E agora?
Passo mais duas horas ao computador a fazer um teste novo para ti ou siga a rusga e fazes o mesmo? Já sei!
Para a próxima, avisa-me, que levas o teste contigo para as Caraíbas para que o resolvas ao sol!
Tem só cuidado de não o besuntar com gelado e não deixes que to confisquem na alfândega!
Mais de resto... tá justificado!
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