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Acena-lhe afirmativamente com a cabeça, como quem já não desperdiça palavras, como quem já as usou todas, como quem pensa que já não vale muito a pena.
E pensa.
Descansar...Que mais hei-de eu fazer se a carcaça a mais não permite?
Quando somos velhos já temos pouco tempo, mas o tempo dura tanto! Os minutos de solidão cansam tanto como outrora as horas de labor.
Sentado na soleira do edifício urbano onde mora. Final da tarde tórrida de Julho. Gasta repouso até ao jantar. Fixa as chaves que segura na mão trémula e pensa.
Seguro o que me pertence e não tenho nada. Comprei um apartamento como quem compra um jazigo. Uma vida de trabalho investida em três quartos cheios de vazio, cheios de silêncio que não posso suportar.
Levanta o olhar. Fixa em frente, com os olhos piscos do sol e da idade.
Não tenho nada.
Vejo prédios, onde quis cheirar serras; asfalto onde não tagarelam cabritas, nem ovelhas.
Vejo prédios, onde quis cheirar serras; asfalto onde não tagarelam cabritas, nem ovelhas.
Nas cidades é-se velho mais depressa e mais fundo.
Na cidade os jovens são velhos, as crianças são velhas, tudo é brilhante e luminoso e alegre e vibrante, mas profundamente velho e triste.
Na cidade os jovens são velhos, as crianças são velhas, tudo é brilhante e luminoso e alegre e vibrante, mas profundamente velho e triste.
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