Ontem o M teve teste de inglês.
Um teste igual ao dos outros meninos.
O mesmo número de perguntas, a mesma tipologia de exercícios, sem ajudas adicionais, nem tempo extra para as tarefas. Apenas estava eu ali, ao lado dele, se necessário fosse- que ele não deixava ser.
Acho que só fui verdadeiramente útil num momento em que lhe caiu o lápis ao chão. Pediu-me delicadamente e por favor que o apanhasse. Aparentemente sem se zangar com a cadeira de rodas, ao contrário de mim, que lhe chamei estúpida, atrapalhas mais o miúdo do que o que ajudas.
Também me voltei a zangar e roguei pragas internas, uma vez mais, ao estúpido micróbio ou bactéria ou raio que parta o infinitamente pequeno e poderoso que tingiu esta infância.
Foi no momento em que o M resolvia o exercício de compreensão oral (listening).
Ele compreende tudo; escuta, identifica e entende instruções na LE, como é suposto nesta fase.
No entanto, para ele, a dificuldade é acrescida.
Não linguistica nem cognitivamente, mas em termos motores.
Tem de se digladiar com os lápis de cor; trocar de lápis com a mão esquerda que agora usa para escrever e colorir, uma vez que a direita, que era a dominante) jaz ali, inútil, quieta, vestida com uma corrente de couro verde que serve para, pelo menos, não se encorrilhar.
Maldito microorganismo!
Mas meteu-se com o menino errado.O M é um lutador.
Nenhum deste desalento que escrevo é dele ou pelo menos me foi alguma vez expresso por ele.
Tudo isto são indigestõezinhas emocionais minhas.
Ele, não.
Escuta. Atento, ávido. Agarra a cor, pinta; troca de lápis; por vezes, morde a língua de esforço, como qualquer criança.
Um exemplo de garra, o M. Quando vem para a escola, de tarde, já fez umas poucas horas de fisioterapia. Bravo guerreiro.
Foi no momento em que o M resolvia o exercício de compreensão oral (listening).
Ele compreende tudo; escuta, identifica e entende instruções na LE, como é suposto nesta fase.
No entanto, para ele, a dificuldade é acrescida.
Não linguistica nem cognitivamente, mas em termos motores.
Tem de se digladiar com os lápis de cor; trocar de lápis com a mão esquerda que agora usa para escrever e colorir, uma vez que a direita, que era a dominante) jaz ali, inútil, quieta, vestida com uma corrente de couro verde que serve para, pelo menos, não se encorrilhar.
Maldito microorganismo!
Mas meteu-se com o menino errado.O M é um lutador.
Nenhum deste desalento que escrevo é dele ou pelo menos me foi alguma vez expresso por ele.
Tudo isto são indigestõezinhas emocionais minhas.
Ele, não.
Escuta. Atento, ávido. Agarra a cor, pinta; troca de lápis; por vezes, morde a língua de esforço, como qualquer criança.
Um exemplo de garra, o M. Quando vem para a escola, de tarde, já fez umas poucas horas de fisioterapia. Bravo guerreiro.
A páginas tantas está a ordenar umas palavras, para construir uma frase correcta. Aponto-lhe para "favourite", aceno que não com a cabeça, que ali não é o lugar certo daquela palavra.
Ralha-me: "Qué no! Si me dizes lo que debo contestar voy a sacar Muy Bueno en la prueba!"
(como se ele precisasse de mim para isso!)
Eu juro!
Juro que não lhe tinha dito mais nada, que aquilo foi um acto quase irreflectido, que não lhe dei resposta alguma, apenas indiquei que estava errado e juro que não era minha intenção favorecê-lo. Expliquei, tentei explicar, mas o nosso herói foi contundente: "No me ayudas!"
Pois não, M!
Deus sabe!
Ajudas-me tu a mim!
Nesse exemplo de rectidão, valentia e esforço.
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