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Só uma working mom percebe que há expressões absolutamente despropositadas
Fora de horas, por exemplo.
Quem tem ou teve bebés, ou quem tem filhos para conciliar com uma vida profissional, sabe que é perfeitamente natural inundar a casa com cheiro a nabiças fervidas para a sopa às sete da matina, ou estender roupa à uma da madrugada, ou almoçar às três da tarde porque "não deu" antes...
A gente queixa-se de que a memória vai falhando, que já não tem a paciência que tinha, mas parece que se vai dando conta do recado.
Eu sou aquela mãe que já deu o pisca a fazer uma curva e que tentou abrir a porta de casa com o comando do carro. A que preparou dois lanches e enfiou tudo na mesma mochila, deixando um dos filhos aflito para dar conta de tanta comida e outra desprovida de mantimentos. Falta de sono, muita coisa em que pensar.
Conheço uma que tinha o filho pendurado na mama e, sobressaltada, procurou por ele - "O meu filho, onde está o meu filho?". Não fosse o diabo tecê-las e o garoto meter a mão nalguma tomada ou bater com a cabeça numa esquina! Ao colo!
Quando éramos pequenas riamo-nos muito de uma tia (bem querida) que tinha quatro - quatro Deus meu!- e nunca acertava nos nomes à primeira. "Isabel, Cristina, Rita", atirava até acertar no alvo: "David, chegas aqui, por favor?"
Compreendo-a muito bem, agora. Entretanto também já aprendi a linguagem do "coisar", de que ela se socorria a toda a hora. "Vou ali ao coiso coisar coisas para fazer coisa", por exemplo. Que não é mais do que "Vou ali ao supermercado comprar cenouras para fazer sopa". Evidente, não?
Danos colaterais de uma vida a mil em que não há fora das horas.
Fora de horas só existe para quem as tem. Para nós, a quem as horas parecem não chegar para tudo, todos os minutos são dentro.
Por isso, não é absurdo acabar um relatório às duas da manhã, beber sopa ao pequeno-almoço ou pintar as unhas no carro, a caminho do casamento da prima, enquanto o marido conduz. E antes que me perguntem se a história da sopa é verídica, sim, já o fiz, porque para aguentar este ritmo há que ser mãe vitaminada, não importa quando. Para além do mais, como dizia um primo meu quando a mãe lhe vinha com o não-comas-isso-a-esta-hora, "o meu estômago sabe as horas, por acaso?"
A gente queixa-se de que a memória vai falhando, que já não tem a paciência que tinha, mas parece que se vai dando conta do recado.
Eu sou aquela mãe que já deu o pisca a fazer uma curva e que tentou abrir a porta de casa com o comando do carro. A que preparou dois lanches e enfiou tudo na mesma mochila, deixando um dos filhos aflito para dar conta de tanta comida e outra desprovida de mantimentos. Falta de sono, muita coisa em que pensar.
Conheço uma que tinha o filho pendurado na mama e, sobressaltada, procurou por ele - "O meu filho, onde está o meu filho?". Não fosse o diabo tecê-las e o garoto meter a mão nalguma tomada ou bater com a cabeça numa esquina! Ao colo!
Quando éramos pequenas riamo-nos muito de uma tia (bem querida) que tinha quatro - quatro Deus meu!- e nunca acertava nos nomes à primeira. "Isabel, Cristina, Rita", atirava até acertar no alvo: "David, chegas aqui, por favor?"
Compreendo-a muito bem, agora. Entretanto também já aprendi a linguagem do "coisar", de que ela se socorria a toda a hora. "Vou ali ao coiso coisar coisas para fazer coisa", por exemplo. Que não é mais do que "Vou ali ao supermercado comprar cenouras para fazer sopa". Evidente, não?
Danos colaterais de uma vida a mil em que não há fora das horas.
Fora de horas só existe para quem as tem. Para nós, a quem as horas parecem não chegar para tudo, todos os minutos são dentro.
Por isso, não é absurdo acabar um relatório às duas da manhã, beber sopa ao pequeno-almoço ou pintar as unhas no carro, a caminho do casamento da prima, enquanto o marido conduz. E antes que me perguntem se a história da sopa é verídica, sim, já o fiz, porque para aguentar este ritmo há que ser mãe vitaminada, não importa quando. Para além do mais, como dizia um primo meu quando a mãe lhe vinha com o não-comas-isso-a-esta-hora, "o meu estômago sabe as horas, por acaso?"
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