Bem,
quando chove estaciono na mesma em frente ao mar
e como dentro do carro.
e como dentro do carro.
Esta semana tem estado bom para o marmitar marítimo.
Hoje até molhei os pés!
(Três. Sabiam?
Três ondas é o número perfeito para limpar as energias com água salgada, dizia a Júlia, cujas energias já andam por esse universo infinito fora.
Eu não sei se acredito ou não,
mas pelo sim, pelo não,
e para honrar a Júlia,
deixo correr três vagas.)
Hoje até molhei os pés!
(Três. Sabiam?
Três ondas é o número perfeito para limpar as energias com água salgada, dizia a Júlia, cujas energias já andam por esse universo infinito fora.
Eu não sei se acredito ou não,
mas pelo sim, pelo não,
e para honrar a Júlia,
deixo correr três vagas.)
A praia deserta é a minha praia.
Só assim, sem o barulho dos veraneantes, é que realmente se escuta o mar.
Nesta minha praia deserta há, uma vez por outra, uma alminha a caminhar na areia ou encostada a uma rocha, como eu, suponho, em busca de silêncio e calmia neste mundo que gira tão velozmente.
Há um octogenário que chega regularmente de bicicleta.
É magro e enrugado; vem sozinho, traz boina, vem de bike (ouviram bem);
encosta-a ao poste e senta-se no banco a contemplar.
A apanhar um pouco de sol, de vento ou de ar fresco, o que houver.
É magro e enrugado; vem sozinho, traz boina, vem de bike (ouviram bem);
encosta-a ao poste e senta-se no banco a contemplar.
A apanhar um pouco de sol, de vento ou de ar fresco, o que houver.
Somos muito assíduos, os dois.
Pese embora nunca nos tenhamos falado, gosto de o ver por ali.
Gosto de o ver chegar, a pedalar, cheio de vivacidade e força nas canetas.
Agrada-me que ali esteja, a observar.
De vez em quando, semicerra os olhos e reclina a cabeça para trás.
Não dorme, desenganem-se. É a sua forma de usufruir do sol.
Às vezes, penso: terá sido pescador? (tem a pele tão tostada)
Quando não vem, sinto-lhe a falta.
Preocupo-me, temo o mau.
Que lhe tenha faltado a força nas canetas.
Temo o pior.
Ele hoje não veio.
E foi a sua ausência que me fez sentir sozinha,
naquele bocadinho de tempo em que os nossos silêncios costumam conviver.
Em véspera do dia do amor
- amanhã é o São Valentim, certo?
a praia está tão vazia
que dou por mim a pensar:
mas onde é que andam os pares de namorados desta cidade?
Um sítio deslumbrante destes, um dia cheio de sol
e não há quem venha para aqui namorar?
Já não há homens românticos?
(Penso - tá tudo na escola!)
Alargo a vista para o horizonte
e vejo, lá ao fundo,
efectivamente um casal.
Afinal ainda há homens românticos.
Estão uns com os outros.
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