Dias bons são feitos de nadas, no meio de pandemias.
O mundo vai acabar, alguns amigos estão doentes, outros isolados,
há vacina, não há vacina,
confina-se,
desinfeta-se,
mascara-se e distancia-se
há vacina, não há vacina,
confina-se,
desinfeta-se,
mascara-se e distancia-se
mas
ainda assim
o Pedro teve mais de noventa por cento a matemática
a Maria pratica o twinkle little star na viola d'arco
Cheira a ameijoas com coentros na cozinha
e tudo está certo.
Dias bons são feitos de risos de crianças,
por trás de máscaras com bonequinhos.
por trás de máscaras com bonequinhos.
"Quantos queres txitxa?"
(Hoje fiz um fortune teller com eles, lembram-se do quantos queres da nossa infância?)
"Five, my dear!"
Os dedinhos dela, contentes, a expectativa
"Qual colour?"
"Green"
A desembrulhar, ansiosa
A minha Ritinha, dificuldades de aprendizagem nenhumas neste momento
Deficit cognitivo nenhum na gargalhada:
" dibtida txitxa, tu éx dibtida"
Ela aos pulinhos de excitação,
rindo
rindo,
feliz
feliz!
Feliz comigo!
apesar da pandemia lá fora
apesar de eu lhe ter desinfetado as mãos à entrada da sala de aula
apesar de lhas obrigar a lavar para agora ir almoçar
feliz!
Feliz comigo!
A ver-me no corredor, depois,
ainda feliz
a dizer-me
BIGADA txitxa pu fajerex akele xogo connosco!
Dias bons feitos de nadas,
no meio de pandemias!
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