Toca o telefone e és tu.
Atendo, contente, mas não és tu!!!!
É uma voz francófona, a dizer que encontrou o teu telemóvel na MO do Continente
Que me encontrou nos teus contactos como MartaVizinha.
Sorrio, que de vizinha resta pouco. Sorrio pelas voltas que o destino dá para nos cruzar.
E sorrio porque, das duas... três:
Ou eu estou nos teus Favoritos, primeiríssima dos teus contactos frequentes e fui a última a ligar-te
(que não abona lá muito pela tua vida social, pois eu creio que há uma boa meia duzinha de dias que te não falo!)
Ou ela andou a bisbilhotar o alfabeto todo até ao eme. Tás tramada, estás na calha para um bom suborno, pois já te sabe os segredos todos!!!!
Bem, explicar-lhe que já não sou propriamente vizinha porta-com-porta é demasiado complexo. Além disso, na realidade, a minha alma é confinante à tua. Portanto, diga lá então, minha senhora, como havemos de fazer para ajudar a minha menina!
Lembro-me de lhe sugerir que procure nos contactos pelo teu esponjo, que escreva "marido", que escreva o nome próprio. Falho, aqui, porque tu não lhe chamas pelo primeiro nome, mas pelo segundo. Adiante.
A senhora volta a ligar-me, naquele sotaque enchanté de "ser para os outros, ãh!", mas que non, non non, pas de rien que não encontra marido!!!!
Apetece responder - procure em A de amante ou vá ver em Xuxu, deve ser assim que ela o trata, cá entre nós que ninguém nos ouve!!!
Lá chegamos a um accord, ela diz que ainda tem 50% de bateria e que tem um carregador compatível e que vai colocar a carregar; agradeço, que gentil, muito grata pelo cuidado, vou então arranjar maneira dela telefonar para si própria e combinar consigo como resgatar o telemóvel, muito grata, minha senhora. Pas de tout, pas de tout,ãh! Já me aconteceu a mesma coisa e não tive a mesma sorte e que isto a gente traz as vidas cá dentro, ah, o incómodo, contactos, tudo!
De maneiras, miga, que não te safas!
O mundo é uma azeitona
e, mesmo à distância,
consigo saber
que hoje foste comprar cuecas à Modalfa
(e muitas, que vinhas com as mãos tão cheias que deixaste o telelé!)
que não tens tomado a pastilhinha p'ra lembrança
e que continuas tão atarefada que nem dás por falta do phone!
Se outras razões não houvesse, miga, não apagues ainda o meu contacto da lista. Nunca se sabe quando será a próxima vez que, de Esposende, eu te encontro o telemóvel numa aldeia recôndita de Bragança!
Já não me podes tocar à campainha para pedir sal,
mas conta comigo para te resolver a vidinha na mesma!
Como vês, o universo já deu provas de que estou cá para isso!
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