segunda-feira, 1 de maio de 2017

Carta ao professor novato - Parte 2

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Até agora falei-te do que te dirão os outros.
Agora, o que te digo eu.

1) Não te culpes em demasia. 
(Mas "eles é que não aprendem" também não é resposta)
Cientificamente há que ser rigoroso.
Menos do que isso, é incompetência.
Quanto ao resto, errar é humano.
Eles são muitos e às vezes a exaustão toma conta de nós.
Tiveste um momento mau? Assume, pede desculpa, segue em frente.
Resultados escolares? Dás o teu melhor? Falharam eles! Se falhou a maioria da turma, tens de te reajustar, parte da culpa é tua.(método; instrumento de avaliação; comunicação; busca factores e altera)

2)  Relativiza
Indisciplina?
Não leves nada a peito. Provavelmente não é nada pessoal.
Enforça as tuas regras e consequências, mas tens de tirar com uma mão e dar com a outra. Se te pões do lado de lá da barricada NUNCA ganharás essa guerra. Sem ganhares o respeito deles, sem os respeitares dificilmente vais lá.

3) Organiza-te
Planificar (nem que seja mentalmente), estudar os assuntos a fundo, preparar materiais atempadamente, vale a pena. Poupa-te tempo e fará com que a tua prática corra melhor. 

4) Actualiza-te
O mundo está em constante mudança.
A formação é fundamental.
Estes miúdos vivem na voragem da informação. Não te deixes acomodar.
Eles têm tudo à distância de um clic. O teu papel tem de mudar.


5)Ri-te
Das  tropelias que acontecem na aula, das saídas espontâneas deles, de ti próprio, também.
Eu sei que esta dica é muito pessoal, mas, a meu ver, sentido de humor é fundamental.

6) Conquista-os pelo coração
Respeita-os como seres humanos. Autoridade não se impõe, conquista-se.
Fá-los sentir respeitados, ouvidos, relevantes no processo. Envolve-os nas tomadas de decisão 
(sim, é possível, mas escrevia todo um outro post sobre isso) 

7) Trabalho é trabalho, conhaque é conhaque
Criares um ambiente porreirinho na sala de aula e teres uma boa relação com os teus alunos não quer dizer que vás para o café com eles. Parece-me que não é essa a tua função e que não é útil misturar as coisas.
Também não significa que não imponhas os limites nas horas certas. As regras têm de ser claras desde o início e são para ser cumpridas. Pisar o risco deverá ter consequências (e não, não estou a falar de lhes roubar o intervalo, isso, a meu ver, é batota).
 
8) Adapta-te
A palavra chave é flexibilidade. 
Diferentes turmas, diferentes alunos, diferentes contextos exigem flexibilidade. 
Não podes ensinar da mesma forma a alunos do ensino regular ou a alunos do ensino profissional (embora os estúpidos dos programas sejam idênticos).
Não podes usar as mesmas estratégias para o ensino secundário ou para o básico.
Uma turma de crianças não funciona como uma turma de adolescentes ou de adultos e por aí fora. 

9) Dá por eles
Eu sei que é difícil, que eles são muitos, que temos programas apertados a gerir...
Mas, por vezes, perder tempo não é perder tempo. Olhar nos olhos e querer saber o que têm para contar pode fazer com que se sintam relevantes, e, consequentemente, colaborantes. Por isso, sim, deves escutar com atenção porque é que a Joana veio a chorar do intervalo ou tirar uns segundos para elogiar os desenhos grafitados que o Manel passa a aula a fazer.

10) Une-os
Arranja estratégias para que funcionem como uma equipa, que colabora para atingir melhores resultados. A turma é um grupo, funciona melhor se conseguires que se torne coeso e colaborativo.

11)  Modera
Como professor vais ter de  passar o tempo a apartar rixas e desavenças. Como está na moda agora dizer-se, terás de ser um bom gestor de conflitos. Passa-lhes a pasta. Não sejas juiz, mas moderador. Habitua-os, a eles, a dialogar para resolver problemas.

12) Entrega-te
Este não é um "trabalho" como os outros. É uma paixão. 

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