Com a aproximação do dia do pai, que, de alguma forma, é suposto eu não deixar passar em branco como professora de língua estrangeira, andava cá dentro a remoer como haveria de celebrar a data sem ferir susceptibilidades.
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É que já tinha percepcionado que é um tema delicado, quando abordámos a Family e, mesmo evitando personalizar a questão, tinha dado de frente com situações bastante complicadas.
Por exemplo, uma pergunta aparentemente tão inócua quanto "What's your father's name?", deu aso a um grande momento embaraçoso, pois, acreditem ou não, os pais são divorciados e o miúdo simplesmente não sabia o nome do pai. Outros perguntaram "Qual deles?" ou explicaram que tinham dois!!!
Por exemplo, uma pergunta aparentemente tão inócua quanto "What's your father's name?", deu aso a um grande momento embaraçoso, pois, acreditem ou não, os pais são divorciados e o miúdo simplesmente não sabia o nome do pai. Outros perguntaram "Qual deles?" ou explicaram que tinham dois!!!
E por aí fora.
Entre pai e padrasto, pai biológico e pai adoptivo, os miúdos perdem-se.
Já para não falar em pai falecido,
ou preso,
ou em miúdos que foram exactamente retirados a esse pai.
É complexo.
Nessa altura (quando estudámos a área vocabular da família) tinha percebido o quão sensível é o tópico e tinha registado, para memória futura, que o melhor seria sempre manter o foco linguístico no abstracto, com árvores genealógicas forjadas a bonequinhos animados de carinhas fofas e famílias exemplares, que não deixassem dúvidas.
Desta vez e neste caso, celebrava-se precisamente o DIA DO PAI.
Não havia volta a dar. Andava a remoer naquilo. No como haveria de celebrar a data sem magoar aqueles para quem ela não é festiva.
É curioso que lecciono há dezassete anos e nunca, como agora, a questão se me impôs. Suponho que isso se explica pelo facto de ter mudado de faixa etária:
Os adolescentes já camuflam muita coisa.
Os miúdos não.
São cristalinos, transparentes e espontâneos.
Não os queria fazer passar por (mais) uma experiência dolorosa.
Não na aula de inglês, sob a minha égide e com a minha conivência.
Os adolescentes já camuflam muita coisa.
Os miúdos não.
São cristalinos, transparentes e espontâneos.
Não os queria fazer passar por (mais) uma experiência dolorosa.
Não na aula de inglês, sob a minha égide e com a minha conivência.
Daí que, queria uma actividade:
1) que fosse minimamente linguística, ou seja, que envolvesse PALAVRAS em inglês;
2) que prestasse um tributo AO PAI ou a qualquer outra pessoa que fosse especial na vida deles SEM SER NECESSARIAMENTE O PAI;
3) que envolvesse afecto;
4) que lhes desse algum controlo sobre a situação.
Decidi-me pelos cupões (na imagem acima) e fiquei muito satisfeita com a minha opção.
Consiste numa série de cupões de ofertas como: beijinhos de eskimó, abraços de urso, ver televisão juntos, etc
Os miúdos pintam para oferecer ao pai ou a alguém de quem gostem.
(vou ter duas versões da cópia, uma delas sem a palavra DAD, para que possam personalizar, do estilo: Coupons for my Friend/ Stepfather/ Neighbour,o que quiserem escrever).
Moral da história: parece-me que consegui uma actividade simples, rápida, que não tenha escarrapachado FATHER'S DAY, mas que o celebre; que envolve uma experiência linguística (mas acessível) e simultaneamente afectuosa.
Orgulho-me da minha opção, mas, como em muitos momentos da minha prática profissional, orgulho-me do rationale (da lógica) que esteve por trás dessa escolha.
Orgulho-me da minha opção, mas, como em muitos momentos da minha prática profissional, orgulho-me do rationale (da lógica) que esteve por trás dessa escolha.
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