Há quanto tempo não te dás a um banho de chuva?
Sabes?
Língua de fora, como em criança,
saltando e rodopiando
nariz no ar, a deixar entrar os odores todos - a terra molhada, os pinheiros, o pelo dos coelhos silvestres, a madeira do passadiço, as pinhas no chão.
Sabes?
O vento no rosto, as pingas cada vez mais grossas na pele, no cabelo, a entrar-te na alma, a lavar os males, a abençoar e limpar tudo à tua volta e a ti também.
Sabes que se chove muito e estás a céu aberto
és mais uma nuvem,
choras chuva e não se reconhecem lágrimas,
bebes vida e esperança e energia
e o mar
o mar,
quando chove agressivamente,
vomita ruidosamente,
explode,
é como um aplauso gigante da natureza ao teu redor
Fincas os pés no musgo fofo,
estendes os braços e encaras o alto,
recebes toda aquela luz líquida na palma das mãos,
cerras as pálpebras à força da água
e os teus anjos pensam
que lhes piscas os olhos
e vêm para te abraçar.
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