terça-feira, 11 de dezembro de 2018

Sua excelência, O Leitor!

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Durante as quatro dezenas de anos 
que por aí tenho andado de nariz enfiado nos livros
a perder-me 
gostosamente 
por entre estantes de 
bibliotecas, alfarrabistas, feiras do livro e livrarias,
nunca fui homenageada pelo facto de gostar de ler.

Não é que ler não seja Gratificante, um valor em si mesmo.

A Biblioteca Municipal Manuel de Boaventura, aqui em Esposende, brinda a esse vício, nutre-o e premeia-o:
Celebra-se em festa, o Natal dos Leitores, e honram-se os leitores mais assíduos, com leituras partilhadas, um lanchinho e um miminho, claro, com letras.

Faz sentido e é coerente, a iniciativa.

Para mim, repito, que fui e sou frequentadora de várias bibliotecas
 - escolares, públicas, itinerantes, particulares-
em diferentes partes do país
foi inédito e, portanto, surpreendente.

Quando cá chegámos, há sensivelmente um ano, eu e os miúdos apaixonámo-nos logo pela Casa do Arco! Linda, cheia de luz natural, as salas que comunicam, as janelas com namoradeiras em granito, a passagem "mágica" e, claro, as colecções! Toda uma outra casa cheia de novos livros para descobrir. (Viemos a perceber que também era uma casa cheia de livros Novos, com aquisições recentíssimas a conquistar os filhotes!)

No meu íntimo, temi, muitas vezes, deixar para trás uma biblioteca onde os meus filhos deram  literalmente os primeiros passos (não o digo metaforicamente, quero dizer que passávamos lá pedaços de tarde desde que eram bebés, resguardados do frio transmontano em sofás coloridos e de livros ilustrados no colo).
Temi deixar para trás uma amiga, biblioterapeutas uma da outra, a trocar leituras como quem troca pastilhas de vitalidade e esperança.
Temi perder uma certa forma de privilégio, advinda da familiaridade. Pensava: nunca mais me deixarão trazer sacos cheios de livros, requisições a granel, com o à-vontade de prazos porque, se necessário fosse, a amiga nos renovaria os empréstimos sem sequer lá irmos.
Pensava: nunca mais vou poder aparecer  na biblioteca de mãos a abanar, porque me sabem o código de leitora de cor, o meu e o dos miúdos, pelo que posso requisitar sem cartão nem nada. Porque os nossos números estão no coração de alguém que bem nos conhece e recebe.

Um ano depois, 
ainda tecendo uma amizade verde, 
mas bem acolhidos e de leituras bem facilitadas
sentimo-nos muito bem nesta nova casa. 
Os privilégios foram-nos todos concebidos - podemos requisitar cinco livros por cartão, encher o saco do costume - nem só de pão vive o homem e a gente cá em casa vai quase tanto à biblioteca como à padaria! Como devolvemos uns e requisitamos outros, está lá o número e ninguém nos pede o cartão, é quase como já ser da casa, e deixam-nos à vontade e até já nos renovam, se a gente se atrasar.

E, para além de tudo isso, uma festa em nossa honra!
Com diplomas e tudo!
Honra a nossa usufruir de um serviço público de qualidade.

E vocês, têm frequentado a vossa biblioteca municipal?


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