quinta-feira, 9 de maio de 2019

Anda e não Pia


Resultado de imagem para vinho de pacote PiasTenho de perder este estúpido hábito de ter vontade de rir nas situações mais dramáticas. 

Como daquela vez do meu acidente mortal em que não morri. E como não morri, fiz humor.
A coisa foi feia. Derrapei na gravilha, rodopiei, bati contra um poste lateralmente e contra uma casa frontalmente. Fiquei pendurada, em suspensão, entre as videiras do quintal e a janelita da cozinha. Por sorte, a velhinha cavava as couves dois metros mais à frente.
De maneiras que foi trágico. O carro ficou concertinado e teve de ser extraído com o aparato de um grande guindaste e ir jazer numa sucata.
Enquanto não, liguei para casa a avisar que tinha dado "um toque" e esperei pela grua. 
Isto foi num atalho que todos tomávamos a caminho da escola de Ronfe. Nisto passa o director; vê-me na berma; pára; vê aqueles preparos, pergunta se estou bem.
Sorrio e sai-me, antes de devidamente o pensar:
"Eu estou! Queres comprar?"

No outro dia, mais humor negro.
O carro não pegava e era uma coisa eléctrica. Veio o reboque, sai de lá um neandertal solícito que tinha uma solução na manga, ali mesmo, no local.
Dirige-se ao reboque para ir buscar a magia das ferramentas. Abre um compartimento e tem de afastar dois caixotes de Pias para chegar às ditas abençoadas ferramentas.
Dá-me vontade de rir.
Estou bem aviada. 
Só me resta o vinho de pacote para me resolver a vida!

E não é que resolveu mesmo?
Mexeu e andou.
Não sem antes,
muitos estalos de língua
muitos abanares de cabeça
muita sobrancelha franzida
muitos
"estes carros modernos"
e por aí segue.

Anda!
Anda e não Pia!

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