domingo, 17 de junho de 2018

Aniversário que o não é

No Facebook ainda és vivo e isso é perturbador.
Há três meses que partiste 
e continuo a ler os teus comentários às minhas publicações antigas, 
continuam a aparecer os teus gostos nas minhas fotografias 
ainda temos uma conversa a meio, no Messenger.
Nessa conversa, como de costume em muitas outras, dizes que gostas muito de mim.

O Facebook avisou-me que era o teu aniversário.
Isso doeu-me muito fundo.
Não apenas pela saudade.
Mas por ti.
Dói-me muito a solidão que isso representa.
Não haver sequer quem te feche a conta. 
Quem te encerre.
Nem o homem que tanto amaste.
Nem a família para quem, até ao fim, enviavas dinheiro.
Pelos vistos, morreste sozinho e sobrevives sozinho. 
Sobrevives por isso mesmo. 
Por seres tão só, que não há quem te encerre a conta.
E o que isso me magoa.
Parece que continuarás a viver virtualmente.
No Face e no meu coração.
João.